Nova espécie de peixe recifal recebe nome em homenagem à Pesquisadora Oceânica
Liana Mendes foi a primeira pesquisadora a aportar informações sobre a vida do peixinho “Lianae”
Recentemente duas novas espécies de peixes criptobentônicos foram descritas por pesquisadores. Uma delas, Malacoctenus lianae, recebeu o nome como homenagem à fundadora da Oceânica e pesquisadora da UFRN, Liana Mendes, que trabalha com a ictiofauna recifal desde seu doutorado e vem estudando a ecologia e evolução desses peixes que vivem associados ao substrato marinho.
Liana Mendes explica que iniciou a pesquisa em 1997 durante o seu doutorado quando levou a informação para um especialista na UFRJ, Ricardo Zaluar. “Lá vimos que se tratava de uma nova espécie. Segui com meus estudos bioecológicos sobre este e outros peixes recifais de pequeno porte nas ilhas oceânicas, estudei ecologia alimentar, populacional, ecomorfologia e história natural”, conta.
A descrição desta nova espécie ficou um tempo sem acontecer até que o professor Sérgio Lima, especialista em sistemática e genética molecular de peixes, chegou na UFRN em 2011. “Firmamos uma parceria e começamos a trabalhar novamente com a história evolutiva e descrição da espécie em parceria com a UFRJ – Ricardo Dias”, explica Liana.
Em 2016, Liana foi convidada por Alfredo Carvalho-Filho, que é uma referência em peixes marinhos no Brasil, para somar o conhecimento do grupo de pesquisa mencionado ao de outro grupo de pesquisadores que também estavam trabalhando com este tema. “Este foi um passo amável e generoso, considerando que dentro da academia nem sempre as coisas se resolvem assim. Eles sugeriram fazer esta homenagem a mim considerando que fui a primeira pesquisadora a aportar informações acerca do peixinho”, relata com gratidão.
Sobre o peixinho “Lianae”
A espécie Malacoctenus lianae é encontrada em ambientes recifais e se alimenta de pequenos invertebrados bentônicos, e ocorre apenas no complexo insular Fernando de Noronha – Atol das Rocas e arquipélago de São Pedro e São Paulo.
As duas novas espécies brasileiras, M. lianae e M. zaluari, diferem de outras do gênero e entre si por combinações diferentes do número de escamas na linha lateral, número e tamanho dos cirros da cabeça e padrão de colorido. Além disso, dados moleculares também atestam a distinção destas espécies brasileiras.
As novas espécies estão descritas e ilustradas no artigo publicado na revista internacional Zootaxa, assinado pelo grupo de pesquisadores incluindo o professor Sérgio Lima do Departamento de Botânica e Zoologia do Centro de Biociência e a professora Liana Mendes, do Departamento de Ecologia.
Sobre a pesquisadora
Reconhecida pela sua atuação como pesquisadora e estudiosa da história natural de peixes blennióides no arquipélago de Fernando de Noronha, a homenageada Liana de Figueiredo Mendes, é uma das fundadoras da Oceânica, coordena o Laboratório do Oceano (LOC/UFRN) e atua nas áreas de conservação ambiental marinha, ictiologia e ambientes recifais. Na Oceânica, Liana enriquece a Organização da Sociedade Civil (OSC) com seu saber científico e com seu modo de gestão amorosa há 18 anos.